quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tretas da bolsa

Já escrevi várias vezes, sobre as tretas que os pseudo-especialistas em bolsa nos dão todos os dias para justificar ganhos ou perdas.

A de hoje, é genial.

Quando saí de casa por volta das 9h deu na TSF uma notícia sobre as bolsas e a determinada altura a jornalista da Reuters disse algo como: A bolsa está a valorizar porque as acções estão uma pechincha.

Achei engraçada a justificação e lembrei-me dela agora quando vi que a sessão de hoje terminou com ganhos. Fui ao site da agência Reuters e aqui está um excerto da notícia:

" "Estamos a testemunhar uma caça às pechinchas após as quedas fortes no passado recente. O mercado tem falta de direcção e os ganhos iniciais podem evaporar-se rapidamente, uma vez que os comentários das agências de rating continuam a estar em 'backgound'", frisou Keith Bowman, analista de equity na Hargreaves Lansdown. "

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Email enviado aos deputados (2)

No seguimento do post anterior, e das recentes declarações do Primeiro Ministro enviei um email aos 21 Deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública da Assembleia da República.

O email diz o seguinte:

"
Exmo.(a) Sr.(a) Deputado(a)

Estou a contacta-lo como membro da Assembleia da República e particularmente como membro da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, órgão que acompanha e fiscaliza o desenvolvimento das políticas financeiras e orçamentais do nosso Estado.

Ao longo do segundo semestre de 2011, o Governo foi-nos dando conta de um desvio nas contas do Estado. O último número apresentado foi de 3.400 milhões de Euros. Nessa altura fez o anuncio que iria aplicar uma taxa extra de 50% sobre o valor superior ao salário mínimo nacional do subsídio de Natal. Taxa que vale aproximadamente 800 milhões de Euros.

Na passada semana, foi divulgado a transferência de fundos de pensões da banca que correspondem a cerca de 5.600 milhões de Euros.

Se analisarmos estes 3 valores, temos que o excedente é de aproximadamente 3.000 milhões de Euros.

O Primeiro Ministro durante o fim de semana anunciou que o excedente era de aproximadamente 2.000 milhões de Euros.

Assim sendo tenho 2 questões para lhe colocar:

- Existe um novo buraco de 1.000 milhões de Euros? Onde é que as contas estão a falhar?

- Para se "gastar" o excedente que o Primeiro Ministro fala é necessário haver um orçamento rectificativo? Onde é que vai ser gasto? A que "economia" se vai dar mais liquidez?

Desde já agradeço o esclarecimento.

Com os melhores cumprimentos,

António Ribeiro
"

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Buraco nas contas públicas

Em Abril de 2010 Pedro Passos Coelho pediu desculpa aos Portugueses por "estar a fazer aquilo que disse que não gostaria de fazer e que não achava que devesse ser feito, porque não defendi o aumento dos impostos". Hoje, uns meses depois já todos sabemos o que está a acontecer no nosso país! Anyaway....

Depois de o governo tomar posse veio a celebre frase do desvio colossal nas contas públicas. E de que valor se estava a falar? A última actualização deste valor (17 de Outubro de 2011) diz que o buraco é igual a 3.4 mil milhões de Euros.

Ora, vamos lá ver se eu consigo entender este valor:

I - 600 milhões de euros de despesas escondidas da RA da Madeira;

II - 560 milhões de euros de consumos intermédios do Estado, dos quais 335 milhões foram pagos em comissões à Troika;

III - 300 milhões de euros devido a uma redução menor do que a esperada em remunerações no sector da Educação, Administração Interna e Defesa;

IV - 800 milhões de euros devido a uma quebra de receitas correntes da segurança social, ministério da justiça, dividendos das participações do Estado;

V - 1140 milhões de euros dizem respeito ao BPN, a uma deterioração do Sector Empresarial do Estado e a não realização de venda de concessões e património do Estado.

Somando I+II+III+IV+V temos então 3400 milhões de Euros.

Dos quais 335+600 não se deveram a uma previsão errada de gastos/receitas mas sim do facto de se ter pedido ajuda internacional e de após a mudança de governo o governo da RAM ter admitido que tinha escondido despesas. A parcela IV e V acontecem devido ao facto de na proposta de orçamento de estado para 2011 não estar previsto haver recessão em 2011, por isso é natural que as receitas da segurança social sejam inferiores, é natural que as despesas da segurança social sejam maiores visto que há mais desemprego; é natural que haja uma menor receita vinda de dividendos visto que as empresas têm menos lucros e é também natural que não se consiga obter uma receita elevada em vendas de concessões e património do Estado porque o País se encontra em recessão.

Após nos ter sido apresentado o valor do buraco, foi-nos transmitido o corte de meio subsidio de Natal para todos os trabalhadores que ganhem mais do que o salário mínimo nacional. Esta medida permite um encaixe adicional de 800 milhões de Euros.

No dia de hoje, foi-nos transmitido que o Estado transferiu para a segurança social os fundos de pensões da banca (a que faltava transferir) e que isso representa uma receita para o Estado de 5.6 mil milhões de Euros.

Ora, se tínhamos antes um valor para cobrir de 3.4 mil milhões, recebemos um extra de 800 milhões e outro extra de 5.6 milhões, então onde é que estão os restantes 3 mil milhões?