segunda-feira, 30 de abril de 2012

Bilhetes para o final da Taça de Portugal

Na passada segunda-feira a Federação Portuguesa de Futebol colocou os bilhetes para a final da Taça de Portugal à venda.

Eu estive atento ao site e durante todo o dia esteve indisponível. No final do dia já estava disponível e a bilheteira online estava encerrada.

No final do dia surgiu a seguinte notícia no site da FPF.

"Em apenas alguns minutos, a Federação Portuguesa de Futebol vendeu todos os bilhetes de que dispunha para a final da Taça de Portugal.
O afluxo de interessados foi de tal maneira elevado que o Portal do Futebol esteve em manutenção algumas horas." 

Em alguns minutos vendeu qualquer coisa como 6 mil bilhetes. Em alguns minutos? Isso quer dizer que o site funcionou durante alguns minutos para vender milhares de bilhetes e após isso ficou em manutenção durante horas e horas? Coisa estranha...gostava de saber quem foram os felizardos que conseguiram estabelecer ligação com o portal da FPF.

domingo, 15 de abril de 2012

Eleição Tribunal Constitucional

Os 3 maiores partidos Parlamentares vão escolher 3 pessoas para irem para o Tribunal Constitucional. O PS e o PSD já escolheram os seus nomes, falta o CDS. Esta escolha deveria ter sido feita até sexta-feira, mas foi adiada para o dia de amanhã.

Se me permitem, eu tenho uma sugestão para o CDS!!!

Há uma militante do CDS que trabalha desde os 16, licenciada em Direito, ex-assistente de Direito Administrativo, ex-ministra da Justiça, ex-administradora da CGD e administradora da EDP. Ou seja, uma pessoa muito multifacetada, só lhe falta mesmo ser nomeada para o tribunal constitucional...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Preço da gasolina e memória política

Deixo aqui escrito que não me surpreenderia se no final de 2012 o preço da gasolina fosse de 2€ o litro. Nada mesmo, ao ritmo que os combustíveis crescem, facilmente chegamos lá.

Disse o candidato a presidente do PSD, Passos Coelho, em 2008 o seguinte:

"Espero que o Governo proceda com a maior urgência à alteração do ISP no sentido de evitar danos ainda mais graves do que aqueles que já se estão a fazer sentir com os preços dos combustíveis (...) É o único instrumento que o Governo tem para actuar rapidamente nesta área, é a única coisa que permitirá que nos próximos meses evitar uma situação de colapso económico que se está a gerar à volta do preço dos combustíveis"

Acrescentou que: "O que será nos próximos meses se esta tendência de evolução dos preços se mantiver?"
Ao qual respondeu: "um colapso na economia portuguesa".

Um outro candidato à presidência do PSD e ex-Primeiro Ministro, Pedro Santana Lopes, disse o seguinte:

"Tenho que ter muita paciência para ouvir as coisas que as pessoas dizem sem saber do que falam (...) se [Pedro Passos Coelho] sabe do que fala, está a errar de propósito. Se não sabe, está a errar sem querer. Mas que está a errar, está a errar"

Acrescentou ainda: "Eu estou muito preocupado há muito tempo com a subida do preços dos combustíveis, mas não podemos é dizer ao Governo para fazer aquilo que não pode ou não deve ainda fazer"

Não nos devemos esquecer, que Pedro Santana Lopes foi o Primeiro-Ministro que se seguiu ao Governo de Durão Barroso, governo esse que decidiu a liberalização dos preços dos combustíveis com o argumento de que os preços iam descer.

Pedro Santana Lopes, concluiu dizendo que "Pedro Passos Coelho ao mesmo tempo defender um Estado liberal e "passar a vida a dizer que o Estado deve intervir na taxação dos preços"."

Passados 4 anos destas declarações, temos o 3º combustível mais caro antes de impostos da União Europeia.

No passado dia 19 de Março de 2012, o actual Primeiro Ministro disse que a questão dos preços dos combustíveis é "matéria que não depende da intervenção do Governo".

E como caminho a seguir diz que "é muito relevante que o País de uma maneira geral saiba tornar-se mais eficiente na utilização da energia e encontrar alternativas aos combustíveis fósseis"

De metro e de autocarro não é de certeza. Caso contrário não se tinham aumentado os preços dos bilhetes 30% no ano passado, reduzido horários, e diminuído o número de carruagens.

Quanto à intervenção do Estado num mercado que supostamente é regulado e concorrencial (digo supostamente, porque se o é, não parece) não acontece, porque o Governo não quer.

E a prova disso é a notícia de hoje, que dá conta que o Ministério da Saúde vai impor um corte de 12% no preço dos medicamentos.

Se o Estado como comprador de medicamentos pode impor um corte de 12% no preço dos medicamentos, porque não pode como comprador de energia impor um corte no preço a pagar pela energia? (seja energia eléctrica ou combustíveis fósseis)

Não se trata de não poder, trata-se de não querer.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Independência

Esta notícia, a juntar o facto de a decisão da CGD ter sido comunicada à CMVM 26 minutos depois da OPA sobre a Cimpor ter sido anunciada diz muito da independência política da CGD.

26 minutos?

H1: 21h de sexta-feira, está a administração da CGD a trabalhar, são avisados da OPA, reunem, avaliam o preço dado pelas acções e decidem comunicar a decisão de forma independente do poder político. Isto é que é trabalhar.

H2: O Ministro das Finanças é informado previamente da OPA, e manda preparar a comunicação de venda. Alguém fica na sede da CGD à espera do anuncio da OPA, assim que é disponibilizada online envia um email para a CMVM e vai finalmente para casa, para junto da família.

Aceitam-se votos.


domingo, 1 de abril de 2012

OPA sobre a Brisa- II

Não resisto em voltar ao tema da OPA sobre a Brisa lançada por uma parceria em que se encontra o Grupo José de Mello.

Depois de hoje (ontem) o actual Presidente da Câmara do Porto e ex-vice Presidente do PSD ter dito que achava "inadmissível" que a CGD financiasse um negócio destes. Não se trata de ser apenas inadmissível, trata-se de mais uma vez se puderem estar a misturar interesses privados com interesses públicos.

Que eu saiba a Caixa Geral de Depósitos ainda é um banco público. Detido pelo Estado Português, e não pelo Governo Português. A CGD de de todos nós (teoricamente já sabemos).

Ora, um dos administradores da CGD, escolhido pelo actual governo, é António Nogueira Leite.

Que afirmou que não ia para a CGD trabalhar pelo dinheiro. Na ida para a CGD o "dinheiro não é um assunto essencial", isto porque é uma pessoa que está habituada "a gastar pouco" e por isso pode "viver com pouco".

Curiosamente, disse isto sabendo que há uma excepção na lei do Estatuto dos Gestores Públicos que lhe irá garantir um salário bem superior ao do Presidente da República. Uma das bandeiras do partido que suporta a coligação do Governo. Não é uma medida com que eu concorde, mas andar a defender isto quando se está na oposição e fazer o contrário quando se governa já é algo que os partidos do poder em Portugal nos habituaram.

Depois da questão da excepção do salário, António Nogueira Leite disse que afinal "mais importante do que os salários é a CGD reganhar independência".

Bem, estive a ver o currículo de António Nogueira Leite e é de facto maravilhoso. Digo-o sem qualquer tipo de ironia.

Estamos a falar de uma pessoa que aos 21 anos licenciou-se em Economia na Universidade Católica Portuguesa, aos 24 e 26 anos tinha um Mestrado e um Doutoramento em Economia na Universidade do Illinois. Aos 30 anos tinha a Agregação em Economia na Universidade Nova de Lisboa. Aos 33 anos era já Catedrático na Universidade Nova de Lisboa. Uma ascensão no mínimo fantástica!!!

A chegada a Catedrático dita (mais ou menos) o inicio dos cargos de administração em várias empresas, algumas pública, outras privadas. Houve de tudo um pouco. Até que em 2002 chega à administração da BRISA, da CUF e da Quimigal, 3 empresas com capitais do Grupo José de Mello, em representação desse mesmo grupo.

Diz também ter sido "director-geral da José de Mello, SGPS, S.A., com responsabilidade global sobre Planeamento Estratégico" e que "no âmbito dessas funções foi membro dos seguintes órgãos sociais, no Grupo José de Mello:" e em seguida são apresentados 15 (Quinze) cargos de administração no Grupo José de Mello ao longo dos últimos 10 anos.

Isto de se sair da administração de um grupo privado, seguir para a administração de um banco público e em meia dúzia de meses esse mesmo grupo privado ter recorrido ao banco público para financiar uma OPA no valor de 700 e picos milhões de euros (2/3 deste valor a dividir por 3 bancos, entre os quais a CGD) é no mínimo estranho.

Quero deixar bem claro que não quero, de forma nenhuma, pôr em causa a idoneidade e as capacidades de gestão de António Nogueira Leite. Alias, acabei de fazer um elogio a forma como batalhou/estudou/trabalhou para chegar onde chegou.
Mas, não deixa de ser curioso o facto de um banco público, administrado por uma pessoa que acabou de sair de uma empresa privada, responsável global pelo planeamento estratégico, que se diz com dificuldades de liquidez e necessita de mais 1000 milhões de euros inscritos no orçamento rectificativo de 2012 para cumprir rácios de liquidez, ir apoiar agora um investimento desta ordem de grandeza na actual conjuntura da economia Portuguesa.

Será que é deste tipo de promiscuidade entre o Estado e empresas que falava em 2010 Lobo Xavier?
Será que é deste tipo de promiscuidade que falava em 2010 Paulo Ranger?

Não sei, mas que é curioso, lá isso é!