quinta-feira, 28 de julho de 2011

Liberalização dos mercados.

Hoje falo sobre liberalização dos preços. É claro para todos que onde há concorrência, a liberalização dos preços é benéfica para os consumidores. Isto aprende-se na escola e está muito estudado e aceite pela maioria dos economistas, e faz sentido para o comum dos consumidores.

Acontece, que quando existe liberalização dos preços num mercado em monopólio, o único que ganha é o monopolista. Nunca o consumidor.

No final do ano 2003 o Governo mandou liberalizar o preço dos combustíveis com o argumento de que:

"Essa prática conduz aos efeitos que um regime de preços administrativos teria, com a consequente ausência de desejável concorrência e dos benefícios para os consumidores."
e que
"Assim, a gasolina sem chumbo 95, o gasóleo rodoviário e o gasóleo colorido e marcado deixam de estar sujeitos ao regime de preços máximos de venda ao público, favorecendo a concorrência no sector."

Quem o disse foi Manuela Ferreira Leite e Carlos Tavares, Ministros das Finanças e da Economia.

Ora, todos sabemos que a GALP é monopolista em Portugal, na refinação e que tem uma posição bastante favorável na venda a retalho e que na prática isso levou a um aumento dos preços dos combustíveis. Desde a liberalização do mercado que o preço da gasolina sem chumbo 95 aumentou sensivelmente 60% e o gasóleo mais de 80%. Temos hoje em Portugal a 3º gasolina mais cara antes de serem aplicados os impostos.

Podemos ainda observar que a GALP passou de uma facturação de 7.4 mil milhões de Euros em 2003 para uma facturação de 9.25 mil milhões de Euros em 2004, ou seja um aumento de 25%. Ao qual se seguiu um aumento de 20% do ano de 2004 para 2005. Quanto aos resultados líquidos, passaram de 240 milhões para mais de 700 milhões em dois anos. Não será exclusivamente devido à liberalização do preço dos combustíveis, mas certamente que esta decisão teve um grande peso.

Portanto, o objectivo de liberalizar o mercado de forma a beneficiar os consumidores foi um fracasso, como já era previsto no passado.

Hoje, soube que o Governo pretende o fim das tarifas reguladas com o objectivo de trazer mais concorrência. E quando o CEO da EDP diz que isto é bom, não deve estar a pensar como consumidor de certeza. Portanto, se o lucro da EDP, empresa monopolista no mercado doméstico, é superior a mil milhões de Euros por ano, e se continua a aumentar os lucros à custa do mercado inexistente, imaginem os resultados que terá depois da liberalização dos preços. Esta medida está no memorando com a Troika, mas há que tomar medidas para estimular uma verdadeira concorrência, até lá, não deve ser aplicada. Caso contrário, para que concorrente da EDP se virarão os consumidores domésticos?

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Porque é que o totoloto não sai?

Porque é que o totoloto não sai?

A resposta é simples:

Antigamente a probabilidade de sair o totoloto era de 1 em 13 983 816. Semanalmente eram jogadas mais ou menos 4 milhões de apostas. Ou seja havia uma probabilidade de haver jackpot de mais ou menos 70%.

Agora, a probabilidade de sair o totoloto é de 1 em 24 789 492. Semanalmente são feitas menos de 3 milhões de apostas. Ou seja, há uma probabilidade de haver jackpot de quase 90%. Por isso é que desde que o novo totoloto foi criado, há quase 15 semanas, ainda só duas pessoas acertaram nos 5 números e número da sorte.

Dito isto, não prevejo grande futuro para o Totoloto. Custa 90 cêntimos por aposta, bem mais do que no passado (50 cêntimos) e é ainda mais difícil sair o primeiro prémio. Ou os senhores da Santa Casa mudam isto (baixando o valor da aposta, reduzindo o número de "números da sorte" possíveis) ou quando o Totoloto sair as receitas diminuem drasticamente.

Isto já para não falar do Euromilhões, que tem uma probabilidade de 1 em 104 milhões. Quando são jogadas menos de 40 milhões de apostas por jogo. (A não ser quando os jackpots sobem).

Assim sendo, resta perguntar: Será que o Totoloto foi alterado mesmo para não sair? Começo a acreditar nisso...

terça-feira, 19 de julho de 2011

"Dessa água não beberei"

Sobre a questão do "Jobs for the boys".

1º exemplo - Tenho estado atento ao actual Governo que tanto falou de nomeações no passado e hoje o Ministro da Administração Interna, ex-líder parlamentar do PSD nomeou:
- 4 secretárias;
- 1 chefe de gabinete;
- 2 adjuntos;
- 1 funcionário para prestar apoio administrativo;
- 1 assessor.

Ou seja, para um único Ministro, 9 trabalhadores. Não sei quantos tinham os ex-Ministros, mas tanto falaram no passado e parece que agora não fazem mais do que abandonar as gravatas, os hábitos são os mesmos.... Veremos o que têm para nos mostrar os restantes Ministérios.

2º exemplo - O jornal i noticia que foram nomeados "103 novos policias para controlarem o memorando e as contas públicas".
Será que foram estes 103 que descobriram de um dia para o outro um buraco nas contas públicas? É que a Comissão Europeia, o FMI, o Governo, o PSD e o CDS não conseguiram ver...

3º exemplo - Nomeações do Grupo Parlamentar do CDS. 30 nomeações para 24 Deputados.

4º exemplo - Nomeações do Grupo Parlamentar do PEV. 10 nomeações para 2 Deputados.

5º exemplo - Nomeações do Grupo Parlamentar do BE. 15 nomeações para 8 Deputados.

6º exemplo - Nomeações do Grupo Parlamentar do PCP. 41 nomeações para 14 Deputados.

Estou para ver as nomeações do PS e do PSD. Ainda não foram publicadas em DR. Todos falam, mas depois na prática não fazem nada.

Estaremos (espero eu) cá para ver o que nos resta o futuro!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O que faz um Cientista?

Ontem deixei de ser Investigador e passei a ser "aspirante a Cientista"!

"Um Cientista é uma pessoa normalíssima, que tem uma curiosidade muito aguçada e que quer saber sempre mais. E que gosta muito, muito de pensar, e de perguntar e de tentar ir mais além."

"Uma pessoa que gosta de estudar, de aprender coisas novas, de responder a perguntas..."

"Querer saber mais do que está a fazer, e porque é que acontece e porque é que não acontece..."

"...tem que se interessar pela descoberta..."

"...tentar descobrir sempre e não desistir..."

"Um cientista é antes de mais um sonhador, isto é alguém que acredita que pensar no Universo vale a pena (...) e que vai levar o Mundo em que vive mais além..."

quarta-feira, 13 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pobreza em Portugal

No Brasil o lema é o seguinte: "País Rico, é país sem pobreza."

Quem não concorda? Jamais seremos um país rico enquanto tivermos pobreza. E pobreza gritante.

De acordo com um estudo do INE, Portugal apresentou em 2009 um índice de risco de pobreza de 17.9% em 2009. Resta saber qual será em 2010, 2011..etc.

Considera-se que uma pessoa está em risco de pobreza quando recebe um valor mensal inferior a 434€. 22.4% dos nossos jovens estão em risco de pobreza. Temos uma taxa de desemprego acima de 12%. 36.4% dos desempregados estão em risco de pobreza.

Muitas pessoas consideram que as prestações sociais dão dinheiro a quem não quer fazer nada. Há outra leitura possível que se observa nos dados do INE. As prestações sociais retiram do risco de pobreza mais de 800 mil pessoas do nosso país.

Para mim, o mais escandaloso/vergonhoso/criminoso nestes dados, é o facto de haverem 9.7% de trabalhadores em Portugal, ou seja, sensivelmente 1 milhão de pessoas que trabalha (não estão em casa a ver televisão nem a beber imperiais no café) e está em risco de pobreza. Trabalha e está em risco de pobreza. E quando um adulto que trabalha está em risco de pobreza, imaginem os filhos...

domingo, 3 de julho de 2011

Dream Trip

Gostava de ter a oportunidade de conhecer o Mundo. Viajar sem limite de orçamento durante um determinado período, sem pressa de voltar. Uns quantos meses deveria dar para dar "a volta ao Mundo".

Neste momento, este sonho só seria possível caso acertasse em 5 números mais uma estrela ou um número da sorte. Como isso é improvável, terei que procurar formas alternativas para conhecer o Mundo ao longo da minha (longa espero eu) vida.

Sonhando um pouco, que será possível acertar nos tais números. Uma das hipóteses para me ajudar a definir o percurso é o circuito de Ténis Mundial. Seria um óptimo pretexto para viajar. Ora vejamos o calendário de 2012:

Janeiro: Começava no Qatar (1 semana), seguia para Auckland (1 semana) e depois passava por Melbourne para ver o Australian Open.

Fevereiro: Santiago do Chile, Costa do Sauipe, Buenos Aires e Acapulco.

Março: Março era o mês dos EUA, começava na Califórnia, seguia pelo interior e acabava em Miami.

Abril: Em Abril vinha para casa, comemorar o meu aniversário e seguia directo para o Monaco, Bucharest e Belgrado.

Maio: Mês da Europa, aproveitava para visitar a Europa Central (Áustria, Republica Checa, Eslováquia, Polónia). Na parte final do mês seguia para Paris para ver Roland Garros.

Junho: É o mês de Queens e Wimbledon, aproveitava para visitar todo o Reino Unido.

Julho: Suécia, Suíça e 2 semanas de "férias", talvez para conhecer os países Nórdicos.

Agosto: Estando nós em ano Olímpico, seria um mês em Londres.

Setembro: Aniversário da Teresa, pelo que teria de adiar uma visita ao US Open. Depois seguia para Moscovo, São Petersburgo e Malásia.

Outubro: Iria a Tokyo, Shanghai, como não tinha tido oportunidade para visitar a Tailândia, terminava o mês de Outubro na Tailândia.

Novembro e Dezembro: Como não tinha havido hipotese para tal, visitar alguns destinos que ainda me ficava a faltar: Moçambique, São Tomé, Tanzania, Quenia, Timor, Hawaii...Eram 7 semanas até ao Natal para visitar estes 6 destinos.

E pronto, aqui estava uma volta ao Mundo alegrada pelo Ténis. Claro que o Ténis era apenas uma desculpa para viajar. O mais importante era conhecer a cultura e os diferentes países, podendo assistir a umas quantas partidas que considerasse interessantes.

Por isso já sabem, se me cair algo do céu (os €'s obviamente) proponho um trajecto deste tipo à Teresa para o ano de 2012.

P.S. Vou fazer uma estimativa de custos, depois digo-vos algo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Uma miragem de Portugal

Ontem, o PM anunciou que ia aumentar os impostos e que a receita adicionar prevista será de aproximadamente 800 milhões €. (não foi este PM que disse que "Os Estados e os políticos só têm moral para impor sacrifícios aos cidadãos quando atacam a gordura do Estado" ? Ah sim, o património dos Governos Civis é "gordura do Estado") Anyway....

Hoje veio a público uma notícia que diz o seguinte: "Fisco e Segurança Social deixam prescrever dívidas de 919 milhões".

Ou seja, se a "máquina fiscal" funcionasse como é sua obrigação, só aqui teríamos uma folga de cerca de 100 milhões.

No mesmo dia que o PM anunciou um aumento de impostos, é noticiado que a economia paralela vale quase 20% do PIB, ou seja qualquer coisa como 33 mil milhões de euros. Se essa economia paralela descesse para metade, o Estado arrecadaria por ano qualquer coisa como 5 mil milhões de Euros, considerando IVA+IRS+SS+IRC. E isto, considerando um valor de impostos total sobre o produto gerado de 30%, quando na prática anda na casa dos 40%.

Não estou a falar de irradicar a economia paralela, isso é impossível. As pessoas vão continuar a ter hortas, a não pedir facturas de pequenos valores, etc. Estou a falar em reduzir para metade. Será impossível? Julgo que não.

Tendo em conta os valores do PIB e do défice dos anos 2007 a 2010, poderíamos ter um PIB 10% superior, e o défice praticamente desaparecia nos anos 2007 e 2008 "apenas" com a diminuição para metade da economia paralela.

Infelizmente, o problema não se esgota na economia paralela.

De acordo com o relatório de actividades do ano 2010 da Direcção-Geral dos Impostos, Portugal tem constantemente valor altíssimos de dívida fiscal incobrável.





Eu não sou Marco-Economista, por isso estes dados que vou apresentar em seguida têm certamente erros, mas ainda assim podem servir como estimativas para valores virtuais do PIB, da dívida e do défice.

Os primeiros dados dizem respeito a valores oficiais. Os dados seguintes dizem respeito a valores virtuais do que seria o PIB, o défice e a dívida pública se conseguíssemos reduzir para metade a economia paralela e se as dívidas incobráveis fossem na realidade cobradas. Porque só assim poderá haver justiça fiscal e justiça social.



-Podemos observar que durante os anos 2007 e 2008 não teria havido défice.
-Durante o período de crise internacional e depois da mesma, o défice não teria passado a barreira dos 5%.
-Em 2007 e 2008 a dívida pública teria diminuído, visto que se utilizava o excesso orçamental para pagar dívida, nos anos seguintes a dívida teria aumentado, situando-se no final de 2010 em pouco mais de 65% do valor do PIB (que seria 10% superior ao registado).

Ou seja, arrisco dizer que teríamos contas públicas de fazer inveja a qualquer país do G20, ou mesmo do G8. Se canalizássemos esses excedentes orçamentais para um efectivo desenvolvimento do país. Então hoje seriamos muito mais ricos e a crise não passava de conversa da treta. Mas em vez disso, temos pessoas a liderar o país, seja no sector público seja no privado que não têm coragem, ou capacidade de inverter o estado actual da nossa Justiça. Enquanto assim for, Portugal vai ser cada vez mais pobre e mais triste. E podem acreditar numa coisa, a percentagem de 20% de cérebros que deixa o país vai continuar a crescer, fazendo com que o país fique mais pobre e mais triste. Vamos entrar uma espiral a caminho do abismo social.

Realmente, está na hora de mudar. Vamos ver se Portugal muda para melhor, se fica tudo na mesma ou se muda para pior. A ver vamos...