Ontem durante um jantar comemorativo de duas festas de anos (enquanto assistia ao meu grande Sporting) certa pessoa, futuro aspirante a engenheiro civil, decidiu mostrar, aos restantes 18 convidados, os seus conhecimentos técnicos relativos ao nome técnico do tão chamado alcatrão.
Felizmente ontem tornei-me menos ignorante, aprendi que o alcatrão, substância utilizada para pavimentar os milhões de quilómetros que temos no nosso país, não se chama mais do que "betume asfáltico", não nego que a informação me seja deveras útil para o meu futuro profissional e social (quem sabe um dia seja essa a pergunta no jogo do "Quem quer ser milionário", e me torne milionário com 250.ooo€, não deveria um milionário ter um Milhão?).
Penso que a inteligência das pessoas (para além de mostrarem capacidade em resolver quebra-cabeças e em resolver testes de lógica ou de sequências de quadrados/bolas/triângulos/cruzes/etc) também se mede com a capacidade que têm de avaliar o público alvo da sua comunicação e falar o mais claro possível, mesmo que por vezes tenham de usar palavras, às quais normalmente chamamos menos correctas (asneiras, mas se faz parte do dicionário e se o Português as entende, porque não as devemos usar?).
O que acontece é que quando a plateia de 18 pessoas ouviu falar em betume asfáltico quase que ridicularizou a pessoa que estava a utilizar de facto o termo técnico correcto.
Mas deve a pessoa usar o termo técnico com os ignorantes?Ou deve usar a expressão que todos os ignorantes conhecem. E, caso as pessoas compreendam do que se está a falar, aí sim introduzir o termo técnico de modo a contribuir para a diminuição da ignorância?
Isto faz-me lembrar quando corri 5 diferentes médicos e todos eles me deram um diagnostico diferentes e 5 diferentes formas de resolver o problema. Imagem só que um médico vos dizia o seguinte:
- "Sofre de osteocondrite dissecante no joelho esquerdo" ( http://en.wikipedia.org/wiki/Osteochondritis_dissecans )
É verdade a primeira coisa que lhe disse foi: "Pode-me explicar melhor sff?"
Ao qual ele me respondeu com um desenho!!! É verdade, fez-me um desenho e foi o melhor que fez.
Moral da história: Não vale a pena fazer uso do conhecimento (de uma forma cega) quando o outro interlocutor é ignorante nessa área.
P.S. Já foram fazer a vossa oferta ao Banco Alimentar? Eu também não, mas não vou deixar para amanhã.
Caríssimo António e caríssimos amigos e ignorantes,
ResponderEliminarHm...discordo com algumas das tuas tão sábias palavras António... Mesmo com ignorantes, parece-me que devemos utilizar os termos correctos e não aqueles que aprendemos na vida corrente...com ignorantes iguais a nós. Porquê continuar a dizer "pópó" ou "carro" e não dizer "automóvel"? Na verdade, todos nós continuávamos a perceber o que se queria dizer com aquilo...Indo um pouco mais a fundo na questão e buscando um pouco da minha sabedoria jurídica, por exemplo, porquê continuar a falar em "alugar" casas quando elas se devem é "arrendar"? Se num diálogo com alguém ignorante em certas matérias percebermos que podemos ensinar um pouco mais do nosso tão prezado conhecimento, porque não o fazer, ao invés de nos mantermos todos na ignorância ignorante de tão ignorado conhecimento? Pois...moral da história aqui para o meu lado (que também estive presente no animado jantar de ontem)...da próxima vez que me estiver a referir ao pavimento no qual circulam carros e peões, que tem uma cor negra, irei referir-me, não ao alcatrão, mas ao betume asfáltico ou asfalte. Agradeço desde já ao "Camarate" por me ter ensinado mais um conceito, que, apesar de técnico, quem sabe não deixará de ser útil...como o António referiu, e bem, nem que seja para vencer um concurso de perguntas e respostas. Porque o saber nunca ocupa lugar...
Beijos e abraços,
Te
* Note-se que era asfalto que queria dizer...e não "asfalte".
ResponderEliminarPessoal...nem sabem o que descobri na wikipédia...é verdade...Aqui deixo transcrito (é a última frase que particularmente interessa):
ResponderEliminarO asfalto é um betume espesso, de material aglutinante escuro e reluzente, de estrutura sólida, constituído de misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis de elevada massa molecular, além de substâncias minerais, resíduo da destilação a vácuo do petróleo bruto. Não é um material volátil, é solúvel em bissulfeto de carbono, amolece a temperaturas entre 150°C e 200°C, com propriedades isolantes e adesivas. Também denomina a superfície revestida por este betume. É muito usado na pavimentação de ruas, estradas e aeroportos.
Em Portugal, a palavra alcatrão também pode ser usada como sinônimo de asfalto.
Moral da história (esta agora dirigida ao Camarate): Falar em alcatrão ou asfalto vai dar ao mesmo em Portugal...releva pois se formos, talvez, para a Região Autónoma da Madeira, não sei...depois perguntamos ao Tio Alberto.
Terminemos pois a discussão neste ponto.
arrendar ou alugar ...isso aprende-se na escola (secundária), não é uma questão jurídica.
ResponderEliminarBetume asfáltico aprende-se na Universidade, as pessoas não têm obrigação de saber, tudo o que são termos técnicos não devem ser utilizados quando os interlocutores não estão dentro dos assuntos.
E, mais uma vez reforço, não digo que não podem/devem ser usados, apenas não podem ser ditos de forma cega, como se as pessoas que estão a ouvir tivessem o dever de saber o que é o betume asfáltico.
Relativamente ao Tio Alberto, tenho a certeza que irá ser muitas vezes motivo de diálogo na vida deste blog, mas para já vamos deixar o Tio Alberto descansar um pouco.
A partir do momento em que um artigo do Código Civil refere o arrendamento de coisas imóveis e o aluguer de coisas móveis passamos a estar perante uma questão jurídica, não obstante esses termos serem, ou não, leccionados no ensino secundário...(embora eu não me recorde de todo da inserção dessa matéria na estrutura curricular...pelo menos na minha).
ResponderEliminarO Tio Alberto voltará. Mas, como disse, a história do betume perdeu relevância a partir do momento em que se pode dizer ALCATRÃO.