Portugal está neste momento com uma das mais baixas taxas de natalidade do Mundo, (167º lugar em 195 países) isto de acordo com dados da ONU.
Por cada 1000 habitantes nascem 10,5 crianças. E a tendência parece ser para continuar a descer. Há países que atingem valores acima de 40, infelizmente (digo eu) para as crianças que nascem nesses países o futuro é sombrio, isto quando lá chegam.
Há sensivelmente 2 anos o Presidente da República fez duas questões que ficaram na memória, não apenas pelas questões em si, mas pela utilização das mesmas num episódio do Gato Fedorento.
“Por que é que nascem tão poucas crianças? O que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?”
Quando penso nesta questão não posso deixar de me lembrar no trabalho precário que os nossos jovens hoje têm. Quantas mulheres não adiam os planos de terem filhos com medo de serem despedidas ou marginalizadas no trabalho quando chega à hora das promoções? Enquanto as pessoas, nomeadamente os patrões, não respeitarem a decisão de ser mãe de uma trabalhadora, essa é uma das respostas que terá de ser dada ao Presidente.
Exemplo 1: Uma mulher que estude Direito e decide ser advogada. Como nunca chumbou nenhum ano, aos 22 anos finaliza a sua licenciatura, (23-24) se decidir fazer o mestrado. Inicia o seu estágio para a Ordem dos Advogados com duração de 2,5-3 anos. A maioria dos estagiários recebe menos por estar a trabalhar como estagiário do que recebia de abono por ser estudante. Portanto diria que começa a sua vida "profissional" aos 26-27 anos. Se calhar devia-se abolir o termo estagiário do código do trabalho, ou lá onde está no Direito. Depois disso como é um trabalhador liberal (embora o vencimento seja sempre o mesmo, trabalhe mais ou menos, ganhe mais processos ou não) quando chega a hora de ter filhos, o tempo que ficar em casa recebe 0€. Mas haverá alguma advogada que queira ter filhos?
Exemplo 2: Uma mulher que estude Medicina, termina o seu curso aos 24 anos, fazer o internato e não fazer, 26 anos. Se decidir fazer uma especialidade terá que ser de seguida, caso contrário é muito difícil mais tarde, ou seja lá para os 32-35 e muitos anos começa a pensar em ter filhos, sabendo que será prejudicada profissionalmente por isso.
Moral da história: Uma mulher que decida estudar no ensino universitário está praticamente "condenada" a ter o primeiro filho para lá dos 30 anos, e mesmo assim com uma boa dose de coragem. A culpa? Da nossa sociedade que ainda não percebeu que o futuro são as crianças, se não tratamos bem as crianças de hoje, os Homens de amanhã não irão tratar bem os velhinhos(nós) e os seus filhos.
P.S. Poderão haver nos "prazos" das diferentes etapas, mas acredito que a média não andará muito longe.
P.S. Abolir o termo estagiário se calhar é demasiado radical e extremista, mas pagar 0€ a quem trabalha é o quê?
Sem espinhas...
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