domingo, 6 de dezembro de 2009

A riqueza de dever muito.

Apenas hoje li uma noticia com perto de um mês, que dizia que o Bill Gates iria lançar um banco para os pobres, a ideia não é nova, mas é de louvar.

Ao ler a noticia acabei por me lembrar de um prémio Nobel da Paz que foi dado a um Banco e ao seu Fundador por se especializarem em microcréditos concedidos às pessoas mais carenciadas. Sediado no Bangladesh, país em que o PIB per capita anual não atinge 400€ por habitante, e se encontra na 146ª posição no que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano.

Mas que falta de visão diriamos nós. Porque não num país industrializado, devorador de cartões de crédito e presentes de Natal? A realidade é que o os credores cumprem os seus cumpromissos com uma taxa de 98,5% e que no ano de 2006 teve lucros na casa dos 20M $, valor capaz de fazer inveja a muitos bancos/empresas nacionais.

Não andam sempre os profetas da desgraça a comprar Portugal a tudo o que lhes convém? Porque será que não nos comparam a outros exemplos, como este. Será que os bancos nacionais já ouviram falar deste Senhor? Parece-me que não.

Uma notícia da semana passada dizia que 6 empresários/empresas Portuguesas eram responsavéis por cerca de 3,5Mil Milhões de Euros de emprestimos num dos maiores bancos nacionais, valor esse que daria para comprar 80% das acções do mesmo banco.

Ou seja, enquanto que no Bangladesh se concedem empréstimos aos mais necessitados, com vista a poderem criar riqueza, oportunidades de negócio, novos empregos, em Portugal concede-se empréstimos (apenas a alguns) para que possam tomar conta das empresas dos outros. Mas com o dinheiro dos outros também eu era rico. Que me dêm a mim um empréstimo de milhões que também compro empresas que detêm monopólios, e passo automaticamente para a lista dos mais ricos de Portugal, teso que nem um carapau, mas com muitos milhões em acções.

Mas será que se eu for a um banco pedir dinheiro emprestado para comprar 10% desse mesmo banco (desse modo garanto também um lugar na administração com um salário milionário) e der como garantia as próprias acções que irei comprar, a administração assina o pedido de crédito?

Parece-me bem que não.

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